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o que eu disse não foi bem aquilo que eu quis dizer

por Rodrigo Moita de Deus, em 29.02.16

É claro que não há eutanásia no serviço nacional de saúde. Há excesso de morfina e de outros fármacos. Há tratamentos que se evitam porque prolongam a dor e outros porque prolongam a vida. Mas não há eutanásia. O que há não tem nome. Mas há. Existe. Serve para evitar a agonia. Fingir que não existe é desnecessário porque não há nisto qualquer hipocrisia. Simplesmente o respeito por quem trata e o respeito por quem sofre. Como continuamos nesta febre de "engenharia social" decidimos regulamentar o que não tem nome. Para quê? Transformamos um ato médico num ato administrativo. Burocrático, público, regulado e brutalmente desumanizado. E isso tem consequências. Tenho dúvidas que sejam as melhores.   


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De FGCosta a 29.02.2016 às 17:03

Não deixa de ser instrutivo ver os indignados com o não se fazer eutanásia agora indignados com que se faça eutanásia (à sua revelia, entenda-se).
Já se percebeu que a eutanásia é coisa para ficar nas causas (e proventos) dos advogados, nos currículos dos políticos, e nos troféus das ideologias. Se por acaso, em casos concretos, ela for efetuada por médicos (o que, como médico com mais de 35 anos de carreira, acredito que seja feito desde sempre) isso já é passar da teoria à pratica e, como sabemos, o que nesta magna discussão está em causa não são nem nunca foram os doentes mas sim os proveitos dos gestores de causas e indignações.
Assinalo a extraordinária inocência virtuosa da ordem dos médicos, neste momento uma instituição totalmente desacreditada.
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De Inda a 29.02.2016 às 19:48

O ordem dos médicos é quase 100% comuna
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De marsanto a 29.02.2016 às 21:14

"tu sabes que eu sei aquilo que tu sabes,e que toda a gente sabe que tu sabes aquilo que eu sei"
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De Galo de Barcelos a 29.02.2016 às 23:05

Mais uma da família que diz uma coisa de manhã e outra à tarde.
Sem prejuízo de no dia seguinte dizer outra diferente das duas anteriores
A filosofia costista está a fazer doutrina e a ser prática corrente no grupo da tralha.
Curiosamente o lixo socrático continua a regressar e a vir ao de cima.
Foguetes para a escolha que o Joãozinho das Perdizes fez para o CCB, no mesmo sentido
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De Anónimo a 03.03.2016 às 10:24

A questão de fundo, e essa é a principal, é que cada vez mais se quer e se está a "construir" uma "sociedade" onde não há lugar para a fragilidade. E para os frágeis.
Uma sociedade infantilizada, fantasiosa. Um mundo só de luzes sem sombras. Um mundo onde o sofrimento não é aceite, não é integrado e é tirado de cena, não "existe". Um mindset, uma ideia infantil de vida, onde a morte é "preferível" ao sofrimento. Onde a morte é oferecida como alternativa. E pintada de apetecível ou preferível em certas circunstâncias. Oferece-se ao feto portador de deficiencia, ou simplesmente àquele que não seja conveniente aos pais, no momento. Quer-se oferecer aos doentes.
Começa-se a fazer uma lista (que se vai alargando) onde se incluem as formas de vida às quais se oferece a possibilidade da morte.
E isto pode servir muito interesses. Materiais e ideológicos.
E enfraquece a sociedade. E desfaz a comunidade.
Em vez de crescermos humanamente, decidimos regredir.
Num futuro não muito longe, talvez as máquinas determinem quais os seres humanos que merecem viver.
Máquinas burocráticas, ou máquinas tecnológicas.
É a desumanização.
Vendida como "dignidade".
Nada é mais digno do que todo o ser humano.
Nada mesmo.
Nenhuma ideia fantasiosa e infantil de mundo é mais digna do que o ser humano mais sofrido.

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