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Não tenho interesse em saber quantas casas e quantos carros tem António Domingues. Por princípio nem sequer me revejo na necessidade de tornar públicas as declarações de rendimento. É pequenino, é mesquinho, é uma forma de minimizar a responsabilidade das autoridades competentes e é uma maneira de continuar a alimentar um clima de desconfiança generalizada. O meu ponto não é esse. O meu ponto é outro. Quando discutimos as declarações de rendimentos de António Domingues discutimos, ao abrigo da actual lei, o estatuto da Caixa Geral de Depósitos. Se presta, ou não, um serviço público. Se é, ou não, um banco público. Esse é o ponto. Quando o PS diz que António Domingues não tem de apresentar a sua declaração de rendimentos, diz que António Domingues não está a gerir uma coisa pública. Diz que a Caixa é um banco privado, sem serviço público, propriedade de um acionista que é o estado. Tudo o resto é conversa de advogados. E é extraordinário que seja o PS a defender este contorcionismo jurídico num tema que devia ser para o próprio PS uma questão de princípio. Afinal a Caixa é pública ou é privada?
Pois. Metade dos problemas do país estão nesta incapacidade de definir o que é público do que é privado. Estão na linha cinzenta onde normalmente se perdem os nossos euros aos milhões. Como naquele caso extraordinário da La Seda. 900 milhões de euros numa empresa espanhola a pedido do governo português. Porque temos estado sócio de empresas privadas, temos estado sócio de empresários de sociedades com ativos em offshores e tudo vai bem. Porque é estado. E nós é que somos os liberais.