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os ordenados

por Rodrigo Moita de Deus, em 03.11.16

Não tenho interesse em saber quantas casas e quantos carros tem António Domingues. Por princípio nem sequer me revejo na necessidade de tornar públicas as declarações de rendimento. É pequenino, é mesquinho, é uma forma de minimizar a responsabilidade das autoridades competentes e é uma maneira de continuar a alimentar um clima de desconfiança generalizada. O meu ponto não é esse. O meu ponto é outro. Quando discutimos as declarações de rendimentos de António Domingues discutimos, ao abrigo da actual lei, o estatuto da Caixa Geral de Depósitos. Se presta, ou não, um serviço público. Se é, ou não, um banco público. Esse é o ponto. Quando o PS diz que António Domingues não tem de apresentar a sua declaração de rendimentos, diz que António Domingues não está a gerir uma coisa pública. Diz que a Caixa é um banco privado, sem serviço público, propriedade de um acionista que é o estado. Tudo o resto é conversa de advogados. E é extraordinário que seja o PS a defender este contorcionismo jurídico num tema que devia ser para o próprio PS uma questão de princípio. Afinal a Caixa é pública ou é privada?

Pois. Metade dos problemas do país estão nesta incapacidade de definir o que é público do que é privado. Estão na linha cinzenta onde normalmente se perdem os nossos euros aos milhões. Como naquele caso extraordinário da La Seda. 900 milhões de euros numa empresa espanhola a pedido do governo português. Porque temos estado sócio de empresas privadas, temos estado sócio de empresários de sociedades com ativos em offshores e tudo vai bem. Porque é estado. E nós é que somos os liberais.    


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

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De tric.Lebanon a 04.11.2016 às 02:23

Como já não existe bancos privados de matriz portugueses para destruir...só falta mesmo destruir o banco publico....
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De AB a 04.11.2016 às 22:11

Na óptica de cliente, a CGD é um banco igual aos outros. Na óptica dos que encheram os bolsos à conta do contribuinte, é igual, na mesma.
As manobras políticas com o La Seda ou as do BES com a PT são a mesma porcaria, pagas pelos mesmos de sempre.
O problema, que é grave, é que ninguém, neste ou noutro governo, nesta ou noutra oposição, tem a cara limpa. Ninguém. E por isso ninguém pode verdadeiramente atacar forte e feio as asneiras que se vão perpetuando. Discutem-se rótulos. Pormenorzinhos. E não se pode passar disso, porque todos acabam a sujar as mãos no penico do poder, e não desejam que ninguém veja as suas com demasiada atenção.
A Assembleia da República tem um canal de tv onde passa contínuamente uma encenação. Os actores são maus e o argumento topa-se à légua.
Este caso CGD é a fingir. O debate do orçamento é fingido e a oposição finge que se opõe. A única realidade é o dinheiro real que sai realmente do meu bolso para custear a farsa.
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De Manolo Heredia a 05.11.2016 às 21:41

Os bancos tanto têm servido para lavar dinheiro como para o sujar.
Quando um grupo de dirigentes de topo recebe MILHÕES de euros de remuneração por ano é legítimo suspeitar que esse dinheiro não seja todo para quem o recebe. Muitas vezes servirá para remunerar por debaixo da mesa serviços recebidas que são inconfessáveis. Por exemplo compra de votos nas assembleias gerais do banco, financiamento de partidos, e coisas ainda menos legítimas...
A declaração de património é necessária para detectar estas falcatruas, mas também acho que não de haver devassa da vida privada dos administradores quanto ao seu património. E não há necessidade disso.

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