Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




 A coisa apareceu em formato de entrevista. Afinal também não será em setembro que José Sócrates será acusado. E também ninguém sabe quando será. E também ninguém parece muito preocupado com o assunto.

 

Para quem já não se lembra, José Sócrates foi detido em novembro de 2014. Há quase dois anos. E, supostamente, estaria a ser investigado há um ano. Fazendo as contas…foram três anos. E, mesmo assim, não chega - diz alguém numa entrevista. Como se não existissem leis.

 

Durante este tempo a prisão preventiva funcionou como forma de pressão. As fugas de informação funcionaram como instrumentos de investigação. E mesmo assim nada funcionou. Saltámos do grupo lena, para a Venezuela, da Venezuela para Vale do Lobo, de Vale do Lobo para a venda da Vivo e da venda da Vivo para a compra da Oi. É disparar para todo o lado até acertar. Escrevi, à data, sobre cada um destes casos. E eles provavelmente acertaram. Em tudo. Falta o resto.

 

Ouvi a conferência de imprensa de José Sócrates esta semana. A tese de uma conspiração de direita é tão tonta como algumas das suas decisões como primeiro-ministro. Mas parece-me que Sócrates sabe disso. A “direita” está-se nas tintas para Sócrates. A esquerda também. O que temos é algo muito mais grave. Muito mais sério. Que o próprio não está disposto ou interessado em admitir.

 

Existe a ideia generalizada de que José Sócrates é culpado. Até existe a ideia generalizada de que estamos a atropelar todos os direitos básicos de um cidadão. Em plena luz do dia. Mas ninguém diz muito, ninguém se revolta porque não faz mal…porque o homem merece.

 

A investigação transforma-se numa espécie de castigo. E o castigo numa forma de justiça. Justiça popular. Justiça paralela ao funcionamento dos tribunais. Ninguém acredita no funcionamento dos tribunais. Nem os próprios. Vai daí, nas ações de uns justiceiros e no silêncio de todos os outros, se permita fazer esta justiça nas capas dos jornais.

 

E eu sou daqueles que acredita na bondade dos responsáveis pelo processo. Mas num país normal esta investigação estaria a ser investigada. Num país normal os responsáveis estariam a responder pelos seus métodos. Num país normal o país estaria a exigir isso mesmo. Num país normal seriamos capazes de distinguir bondade de bom senso e o bom senso da lei.

 

Há três mil anos que que fazemos leis para impedir que seja o meu juízo a decidir ou condenar um outro cidadão. Fazemos leis para impedir que a minha vida e a vossa vida sejam condenadas ou decididas pelo estado de espírito de alguém. E a mais importante lei de todas as leis é aquela que explica que não pode haver exceções à lei. Por muito culpados que os ditos sejam.


lavagem de mãos e outras medidas profiláticas

Sem imagem de perfil

De Manolo Heredia a 30.07.2016 às 21:43

O ponto é que este caso representa MAIS um indício que Portugal deixou de existir como Estado de Direito. Sem Forças Armadas (polícias aí incluídas) e sem Justiça nenhum país é um Estado. E muito menos será um Estado de Direito.
Sem imagem de perfil

De Luis Ameixa a 31.07.2016 às 10:28

O 32 de Janeiro pela pena de Moita de Diabo passou-se.
Este artigo poderia intitular-se:

Como Virar o Feitiço conta o Feiticeiro.

... e é pena....
Todos já perceberam que onde há uma aldrabice o 44 está presente ... e à medida que se escava mais mais evidente e mais se alonga essa presença.

Criticar a Justiça sem uma palavra para o legislador (AR) que fugiu à criminalização do enriquecimento ilícito (que palavras mais bonitas para definir ROUBO da COISA PÚBLICA.

É velho como o mundo "quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem"

Porque impedir e proteger o dono e a honra de explicar a vinda desses dinheiros?

Foi um amigo que lho deu?
Foi uma herança que recebeu?
Foi um prémio do Euromilhões que ganhou?

Afinal quem tem a culpa:
-- o Legislador ou o Juiz?

"... há 3 mil anos que fazemos leis para impedir..." bem poderia concluir ... para impedir a punição dos grandes e poderosos criminosos...
mas preferiu concluir

... sejam condenadas ou decididas pelo estado de espírito de alguém...

Com franqueza,,, onde é que o 32 de Janeiro quer chegar?





Sem imagem de perfil

De pita a 31.07.2016 às 13:35

Herédia e Ameixa, já não vale a pena responder a posts. Nem percebo porque umas respostas são eliminadas e outras publicadas. E não é só pelo Carrasco.
Sem imagem de perfil

De pedro a 31.07.2016 às 23:01

Rodrigo:

Já propuseste, por acaso, lá no teu partido que se mudem de modo radical as leis penais, direito substantivo e adjectivo, para os juízes tenham armas para colocarem os corruptos atrás das grades? Ou será que os partidos estão cheios de corruptos? O sistema político, não terá sido tomado pelos corruptos,alguns já produto das "jotas".
Sem imagem de perfil

De A.Lopes a 01.08.2016 às 17:05

Não há dúvida que a proximidade ao gajo dos afectos, está a transformar o Rodrigo num caso a estudar! Com que então a defender o ladrão 44!
Imagem de perfil

De cheia a 01.08.2016 às 21:35

O mal é as leis serem feitas para que os ladrões não sejam presos. Se a lei obrigasse a provar de onde vinha o dinheiro, tudo já estava resolvido.
Sem imagem de perfil

De BELIAL a 07.08.2016 às 10:50

Ora, ora- só se perdem as que caiem no chão.

No mercy for the underdog.

Comentar post