Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



O nosso problema não é de milhares de euros

por João Moreira Pinto, em 12.10.12

Jamais resolveremos o problema orçamental do País, enquanto andarmos entretidos com o acessório. Passamos dias a discutir os milhares gastos na frota automóvel do PS, quando o nosso problema é na ordem dos milhares de milhão. Não é que o PS não mereça. A proposta de diminuição do número de deputados como medida de poupança (entre outras) serve para alimentar esta discussão de mercearia. Mas da direita à esquerda parece faltar vontade de discutir o cenário macro. Ir aumentando impostos não será suficiente. joaompinto

Nuno Grande (1932-2012)

por João Moreira Pinto, em 10.10.12

 

Carregava a grandeza no nome, mas será pela grandeza das suas obras que nos recordaremos dele. Co-fundador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, o Professor Nuno Grande revolucionou para sempre o ensino da Medicina em Portugal. Sob o lema «médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe», procurou a multidisciplinaridade numa altura em que parecia impossível, instigou o espírito crítico quando imperava a unanimidade, afrontou, criticou, propôs soluções toda a sua vida. Concordando-se ou não, assumiu sempre posições sobre o que se passava à sua volta. Sem medos. E sempre com as pessoas em primeiro lugar. 

 

O Professor Nuno Grande marcou a vida de muitos (quase todos) que privaram com ele, entre alunos, colegas, familiares, amigos, doentes. Mais que todos os seus feitos científicos e cívicos (que deixo aos biógrafos a difícil tarefa de agregar), são estas marcas indeléveis que foi espalhando ao longo da sua vida que definem a sua grandeza. A Igreja da Nossa Senhora da Boavista foi pequena demais para acolher o mar de gente que quis prestar uma última homenagem a este médico, investigador, humanista, professor, Homem da cidade. Que quis agradecer a Deus o privilégio de o termos tido connosco durante 80 anos.


(Ler também o Bruno Maia no Esquerda.net)

joaompinto

registei o simbolismo (quiça intencional) de Cavaco Silva vestir gravata rosa e António Costa gravata laranja. Esta alternância cromática tem muito mais a ver com o estado a que chegou a República.


joaompinto

Crónica no Expresso online

por João Moreira Pinto, em 03.10.12

a convite do Henrique Raposo: «Não, repensar a saúde não é coisa de malfeitores».

Ainda se queixam do Marinho Pinto

por João Moreira Pinto, em 02.10.12

Ordem quer processar médicos que assinaram parecer sobre "racionamento" de remédios, pois "fere" o Código Deontológico da Ordem dos Médicos e valores éticos intemporais", justifica o CNE, em comunicado.

 

Vejamos,

artigo 5.º (Princípio geral) 

4. O médico, no exercício da sua profissão, deve igualmente, e na medida que tal não conflitue com o interesse do seu doente, proteger a sociedade, garantindo um exercício consciente, procurando a maior eficácia e eficiência na gestão rigorosa dos recursos existentes.

(...)

Artigo 32.º (Isenção e liberdade profissionais)

2. O médico tem liberdade de escolha de meios de diagnóstico e terapêutica, devendo, porém, abster-se de prescrever desnecessariamente exames ou tratamentos onerosos ou de realizar actos médicos supérfluos.

(...)

Artigo 111.º (Responsabilidade)

1. O médico deve ter em consideração as suas responsabilidades sociais no exercício do seu direito à independência na orientação dos cuidados e na escolha da terapêutica, assumindo uma atitude responsável perante os custos globais da saúde.

(...)

5. O médico tem obrigação de conhecer os custos das terapêuticas que prescreve, devendo optar pelos menos onerosos, desde que esta atitude não prejudique os interesses do doente.

in Código Deontológico da Ordem dos Médicos (sublinhados do autor). joaompinto

Ração de ética para polemistas polarizados II

por João Moreira Pinto, em 28.09.12

Chegados à noite, já tínhamos indignações várias. Entre elas, a do bastonário da Ordem dos Médicos, que fala sempre que lhe põem um microfone à frente. Tudo que seja retirar poder à caneta dos médicos, ele é contra. Os jornalistas podem poupar-se ao trabalho e poupar-nos ao embaraço. Como médico, permitam-me acrescentar algumas considerações. 

 Ficou claro pela reportagem da SIC que não se pretende deixar de tratar de ninguém. Como tentei explicar no post anterior, poderá valer a pena apostar num tratamento mais barato, sabendo que a eficácia será menor (98% versus 95%, no exemplo que dei ontem). Obviamente, que os 5% a quem o tratamento não fez efeito terão que avançar para um 2º tratamento, eventualmente o tal mais caro, que não demos inicialmente. Acontece que 2% não responderão a nenhum dos 2 tratamentos. Para estes, avançaremos para 3ªs, 4ªs linhas. Por aí fora, até entrar em tratamentos experimentais. Definir quais são as prioridades dos tratamentos, é uma questão técnica científica e económica. A decisão de quanto temos disponível para gastar é política. 

 A existência de normas clínicas é uma segurança para o médico. Um exemplo prático (ainda que muito simplista), por cada traumatismo cranio-encefálico (TCE) a única forma de ter a certeza absoluta que não existe fractura é fazer um Rx. Como é insustentável (não só financeiramente, como em termos de recursos físicos e humanos), definem-se prioridades, critérios de quem deverá fazer Rx em caso de TCE? Entram critérios vários, como idade, achados no exame neurológico, etc. Quem não faz Rx poderá ir para casa com uma fractura e ter que voltar ao serviço de urgência por piorar o estado geral. Se o médico tivesse feito Rx, a fractura teria sido detectada antes? Provavelmente sim. Por achar que quer dar o melhor a todos os doentes, o médico pediria Rx a todos? Provavelmente sim, mas é o preço dos recursos finitos. Não podemos culpar o médico que cumpriu as guidelines, como ele próprio não se poderá sentir culpado por lhe ter escapado o diagnóstico.

 Aconselho lerem o artigo de opinião do Bruno Faria Lopes. Entre outras coisas ele, aponta outra vantagem para os médicos: «tira dos médicos (formados para fazerem tudo pelos doentes) o peso exclusivo de agirem como gestores hospitalares.»  Eu iria mais longe, quantas vezes o médico gostaria de oferecer ao seu doente um tratamento melhor (seja um fármaco, seja um tipo de fio de sutura, seja um exame auxiliar de diagnóstico) e não pode, porque a administração do hospital não tem dinheiro para comprar/substituir o que existe. Pior, naquele hospital não existe, mas o no hospital do vizinho (contribuinte como o doente em causa), já tem. A existência de normas/guidelines obriga que haja um compromisso nacional para dar o melhor tratamento ao maior número de doentes. Por isto, exige que entrem outros agentes na discussão, para além dos médicos, por muito que custe ao sr. bastonário.

Por fim, como disse no post anterior, esta questão não se polariza em direita ou esquerda. O próprio presidente do CNECV foi «designado para a dita por deliberação da Assembleia da República em 2009. Destacou-se aliás no combate pela aprovação da lei da interrupção voluntária da gravidez, da qual foi um dos principais autores.». A esquerda apanhou boleia para atacar o governo (que ao que sei ainda não se pronunciou sobre a matéria), enquanto à direita já soam vozes de que o próximo passo é a eutanásia porque é mais barato. Uma coisa todos parecem de acordo, é preciso cortar no Estado a toda a força, para preservar a sáude dos Portugueses. Opinião que eu felicito. Roubo estas duas frases ao Bruno Vieira Amaral no FB: «Depois das religiões e das ideologias, resta a saúde como valor supremo da nossa sociedade, muito à frente da educação e da justiça. Leiam o artigo devagarinho antes de começarem com a gritaria do costume (Hitler, etc.).»

joaompinto

Ração de ética para polemistas polarizados

por João Moreira Pinto, em 27.09.12

Conselho de Ética dá luz verde ao racionamento de tratamentos para o cancro. E, antes que instale a polémica, convém primeiro ler o documento do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV). O racionamento de cuidados de saúde existiu e existirá sempre. Sendo o orçamento que os paga um recurso finito, é óbvio que quem escolhe gastar aqui, deixa destapado ali. É por haver racionamento de tratamentos que não existe um serviço de urgência 24h ao virar de cada esquina. Com o custo social de ter que deslocar quem precisa de um serviço de urgência 2-15-20 ou mais quilómetros para ser atendido, sobra dinheiro para que haja vacinas para todas as crianças, por exemplo. 

Aliás, o plano nacional de vacinação (PNV) é um bom exemplo de racionamento de cuidados de saúde. Para que uma determinada vacina entre no PNV, é preciso pesar a incidência da doença que ela pretende prevenir, a eficácia dessa prevenção, a possibilidade de tratamento da mesma, com os respectivos impactos para a saúde e 'economia' de cada indivíduo e para a saúde e economia do resto da população. Note-se que é por estas e por outras, que a vacina oral para profilaxia da gastroenterite aguda não entrou no PNV. Trata-se de uma vacina relativamente cara, que, embora eficaz, previne uma doença praticamente inócua para a criança e para os restantes membros da sociedade. Quem quiser pode comprar a título individual, mas o Estado não faz esse investimento.

Infelizmente, estas escolhas feitas nos programas de prevenção nunca foram claras no que diz respeito ao tratamento. Isto é, o tratamento escolhido pelo médico, sendo orientado para aquele doente em particular, é oferecido na perspectiva de se estar a dar o melhor, mesmo que o 2º melhor fosse muito mais barato e fizesse quase o mesmo efeito. Os medicamentos mais recentes, por norma mais caros, por vezes apresentam vantagens mínimas (uma eficácia ligeiramente superior, menores efeitos laterais), mas são tentadores para quem procura dar o melhor ao doente que tem à sua frente. Isto explica em parte porque é que os preços com a saúde aumentam exponencialmente.

A tendência de criar normas de orientação clínica (vulgo guidelines) pretendem inverter este ciclo. Estas normas determinam uma linha de tratamento para uma determinada doença, através de um estudo técnico e de custo-benefício. Vale a pena tratar toda a populaçãode doentes com 2 milhões de euros e ter uma efcácia de tratamento de 98%, quando posso tratar a mesma população com 0,5 milhões e ter uma eficácia de 95%? Vale a pena gastar mais 1, 2, 3 milhões de euros, para diminuir ao tempo total de tratamento, ou para diminuir efeitos laterais como vómitos? E se estivermos a falar da queda do cabelo? Eu não sei. Depende da doença, depende do dinheiro disponível, depende de tantas outras coisas. Como se percebe, estas guidelines têm uma vertente política importante, para qual todos (enquanto sociedade) devemos contribuir. O documento do CNECV abriu a porta para esta discussão. Uma discussão onde só os mais fundamentalistas encontram uma esquerda e uma direita.

joaompinto

ADSE: Prefira o que é deles

por João Moreira Pinto, em 18.06.12

A ADSE tem 1,3 milhões de beneficiários. Dizer que a  ADSE está matar os hospitais públicos parece-me exagerado. A ADSE mostra que o Estado consegue, através da contratualização com privados, preços substancialmente mais baixos do que consegue nos hospitais onde ele próprio (o Estado) é o patrão. 'Pior', mostra que o utente, trabalhador do Estado, prefere recorrer a esses privados a aturar os caprichos dos seus colegas da função pública.

 

A grande maioria dos funcionários públicos, como beneficiários da ADSE, fazem uso do sistema, seja para poderem escolher o médico que os atende, seja para terem um atendimento rápido, seja para pernoitarem em quarto particular, seja pela razão que for. A grande maioria dos beneficiários da ADSE prefere recorrer ao sistema privado ou convencionado a frequentarem o hospital público. Gostaria de saber, entre os médicos que farão greve pela defesa do Sistema Nacional de Saúde, qual a percentagem de vezes em que (como utentes) preferiram o SNS público, universal e gratuito em relação à clínica privada. joaompinto

Serviço low cost III

por João Moreira Pinto, em 16.06.12

Mas não só as organizações que representam os médicos têm culpas no cartório, os próprios médicos são de alguma forma responsáveis. Primeiro, porque votam em quem os representa desta forma. Segundo, porque, durante anos, acharam bem contratar recém-especialistas a €3200 euros/mês (o equivalente a uma subida de 15-20 anos pela tão defendida carreira médica), aproveitaram-se de um regime de ordenados baseado em horas extra-ordinárias (muitas vezes inflacionadas), não denunciaram os contratos dos seus pares que prestavam serviço médico a um preço muito mais caro que o preço da hora extra estipulado, muitas vezes através da constituição de empresas, entre outros pequenos escândalos. Defenderam-se os médicos, não se defendeu o Sistema Nacional de Saúde.

 

Chegados a este ponto, percebe-se que é necessária uma mudança. Nas redes sociais manifestam-se recém-especialistas e médicos internos (os que ainda estão a tirar a especialidade), porque percebem que o caminho trilhado pelos colegas mais velhos e pelos governos anteriores empurrou-os (-nos) para uma situação de crise que pagarão com salários baixos independente da competência ou qualidade de cada um. São médicos que defendem que o mérito deverá ser critério de desempate, que a progressão salarial deverá ser proporcional à competência individual e da qualidade do serviço, que a forma de reconhecimento deverá passar pela escolha livre do utente. Tudo ideias que continuam a não vir espelhadas nas declarações conjuntas dos sindicatos e da Ordem dos Médicos. Tudo ideias que o governo já defendeu e que parece ter deixado de acreditar. Quem defende estes médicos? joaompinto

Serviço low cost II

por João Moreira Pinto, em 16.06.12

Escolher um serviço apenas pelo preço, é preguiçoso, injusto e, no limite, poderá sair mais caro. Obviamente que, se não olharmos à solidez da empresa que presta o serviço (neste caso médico), ao tamanho e qualidade do quadro médico que a integra, aos curricula, etc., poderemos (todos enquanto Estado) estar a contratar médicos incapazes, maus prestadores do serviço, exagerados na prescrição de medicamentos e exames auxiliares de diagnóstico. A incompetência pode sair muito cara ao bolso e à saúde dos Portugueses.

 

Esta proposta para contrato das horas que estão em falta, não faz sentido, mas tem um história. História à qual os Sindicatos e a Ordem dos Médicos não são alheios. Se os primeiros defendem uma progressão da carreira por tempo de trabalho em vez de por qualidade de trabalho, a segunda tem se portado de forma corporativa, defendendo mais a qualidade de vida dos médicos que a qualidade da Medicina. Como nunca houve um estímulo para diferenciar os bons dos maus médicos, para a população em geral, e para os burocratas do Ministério da Saúde em particular, tanto faz contratar Dr X ou Dr Y, porque não é fácil distinguir quem é realmente melhor. A ideia tantas vezes alimentada que em Portugal todos os médicos são muito bons ou excelentes poderá agora sair cara. joaompinto

Serviço low cost I

por João Moreira Pinto, em 16.06.12

 

O Ministério da Saúde fez um levantamento do número de horas em falta para cada especialidade médica e para cada Distrito. Agora, lança um concurso público para a atribuição dessas horas a empresas de prestação de serviços. Único critério de selecção: ganha o mais barato. Imagino o que aconteceria se a mesma medida fosse aplicada para a contratação de pareceres jurídicos, para a assessoria em comunicação e imagem, para a instalação de um sistema informático, neste e noutros ministérios. joaompinto

Crowdfunding

por João Moreira Pinto, em 04.06.12

Cada artista apresenta o seu projecto, o seu currículo, a sua arte. O consumidor faz o seu julgamento e decide ou não apoiar o projecto, geralmente em troca de um agradecimento. Este pode ser na forma de um download dum ficheiro mp3, um CD autografado, um convite para um dos ensaios, etc.  Em vez de andarem de mão estendida atrás do Estado, os 'agentes artísticos' podem submeter-se ao julgamento do público que decide quem quer ou não apoiar. Se o projecto tiver qualidade, terá a apreço de quem o consome e o apreciação de quem o subsidia.

 

Exemplo prático. O compositor Luís Tinoco, um dos melhores na música erudita contemporânea, está a preparar um disco a ser gravado com a Orquestra Gulbenkian. Precisa de juntar €3000. Pede apoios que podem ir de €15 a €300. Em troca, o apoiante recebe desde um CD quando este fôr editado até convites para as gravações com direito a partituras autografadas. Eu já fiz o meu investimento e convido-vos a fazê-lo também. Até ao momento, o Luís Tinoco já angariou €1670 (55% do total).

 

No website da PPL (people, a.k.a 'o povo') encontra mais informação sobre crowdfunding e projectos à procura de apoios. joaompinto

Lido no Facebook

por João Moreira Pinto, em 11.04.12

 

sim, mas há quase 10 milhões de pessoas que não foram convidadas e a quem a conta vai ser apresentada...

joaompinto

Não saímos daqui

por João Moreira Pinto, em 16.02.12

Parece que uma manifestação de alunos do secundário afastou o Presidente da República de uma visita a uma escola. Os alunos de artes querem uma cantina, pelo que apontaram baterias a Cavaco Silva. Se era essa a causa de tanto alarido, poderiam falar com os dois elementos do Governo presentes na dita visita. Os secretários de Estado do Ensino e Administração Escolar, João Casanova de Almeida, e do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite, não fugiram ao contacto com os alunos e mantiveram a visita. Eles (mais que o Presidente da República) têm poderes executivos que permitem melhorar as condições da dita escola.

 

Nas imagens que as TVs mostram da tal manifestação, vêem-se os habituais cartazes das esmolas, do quero isto, quero aquilo, fascistas aqui e acolá. Claramente, a ignorância sobre a organização dos poderes públicos é inversamente proporcional à capacidade de pensar fora da cassete do garantismo estatal e à iniciativa própria. Reflexo disto é o que disse uma das indignadas de hoje à TVI: «Se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha. Por isso, não saímos daqui.»  joaompinto

Eu ainda sou do tempo em que a EDP era posse do Estado II

por João Moreira Pinto, em 12.01.12

Sobre o mesmo tempo, recomendo a leitura de Pedro Pita Bastos, no Reino da Dinamarca: joaompinto

O escrutínio público não deve ser sobre as escolhas dos accionistas privados sobre quem deve ou não pertencer ao conselho de geral e de supervisão da EDP. Deve ser a partir de agora sobre as opções de política do Governo e sobre as decisões de regulação do sector. Será essa a verdadeira prova da independência das escolhas feitas pelos accionistas da EDP face ao poder político.

 

 

 

 

 

Eu ainda sou do tempo em que a EDP era posse do Estado I

por João Moreira Pinto, em 12.01.12

Ou seja, antes da privatização e depois da privatização com golden shares na mão dos governos. Isso acabou na semana passada. Foram os novos accionistas privados que nomearam o novo conselho geral e supervisão. É a contra-face da iniciativa privada: as empresas nomeiam quem querem, mesmo que isso cause embaraço ao governo e dê azo a acusações infundadas por parte da oposição. joaompinto

Aos comentadores que hoje se abstêm de comentar

por João Moreira Pinto, em 24.11.11

Um colega no trabalho chamava-me a atenção para um dos perigos escondidos da greve. Para contextualizar, trabalho num hospital do serviço na nacional de saúde (público). Dizia o colega que quando fazemos greve são mais aqueles a quem não se nota a falta do que aqueles que (com a sua falta) fazem sentir que o seu trabalho é mesmo fundamental. Neste sentido, a greve é uma boa forma de o patrão descobrir onde pode cortar. joaompinto

Atentado Médico

por João Moreira Pinto, em 05.11.11

A forma como a Ordem dos Médicos contesta a nova lei do medicamento não dignifica a classe e não espelha o que deveriam ser as reais preocupações de uma Ordem cuja função primordial é assegurar a qualidade da Medicina.

 

A lei que obriga a prescrição por princípio activo parte do princípio que todos os genéricos são iguais, o que não é verdade. Os excipientes (aquilo que envolve o princípio activo), e nalguns casos até as doses do próprio princípio activo, não são as mesmas nem exactas. Isto faz com que a biodisponibilidade do fármaco (isto é, a quantidade de princícpio que é distribuída aos tecidos-alvo) não seja a mesma de marca para marca. É por isso que, segundo a OM, a experiência individual de cada médico indica-lhe que este ou aquele genérico parece ter mais ou menos efeito. Não questionando este facto, é lamentável que a OM prefira manter este 'achismo' empírico numa actividade científica como é a Medicina, do que lutar para que a introdução e posterior regulação dos genéricos seja mais rigorosa e garanta que todos têm a máxima qualidade.

 

Segundo o Expresso, a OM ameaça com uma proposta tonta e deontologicamente questionável. Propor que os médicos prescrevam certos fármacos, não por serem a primeira linha para o tratamento de uma dada doença, mas por não terem marca genérica, é um atentado à boa prática médica e viola mais que uma vez o Código Deontológico. É um atentado ao bolso do utente, porque pagará mais pelo seu tratamento. É um atentado ao bolso de todos, porque todos pagaremos essa diferença. joaompinto

Do lado certo da força

por João Moreira Pinto, em 22.08.11

©joaompinto

Extremistas à portuguesa

por João Moreira Pinto, em 12.08.11

 

Num concerto maioritariamente frequentado por neonazis, uma organização chamada 'Exit-Germany' distribuiu t-shirts com uma imagem de uma caveira e duas asas, onde se lia «Hardocore Rebel. Após a primeira lavagem, a imagem desfazia-se para dar lugar uma frase. «O que a sua t-shirt pode fazer, você também pode. Nós vamos ajudá-lo a romper com a extrema-direita.»

 

Eis uma boa ideia para a próxima festa do Avante. joaompinto