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O meu novo livro "Simão, o Fantástico!" sai no dia 22 de Novembro e a editora está a fazer uma pré-venda com 50% de desconto. Para o conseguirem a este preço têm apenas que se registar no site da Presença (ou, quem já está, efectuar o login).
Após a encomenda feita, paga e expedida, 50% do seu valor é devolvido para a vossa conta. A conta-cliente é uma espécie de poupança, associada a cada utilizador, que serve como modo de pagamento no site da Presença. Assim, o valor a devolver será de 6.45€, ou seja 50% do valor pago pelo livro. A devolução é feita para a conta-cliente só após a expedição do livro (isto é, a partir de 22/11).
Esta pré-venda tem a validade de 24h, ou seja, termina amanhã às 12h. Aproveitem!
Já agora, conheçam também a página do Simão no Facebook.
Simão, o Sexista
Passamos em frente ao Tribunal da Relação do Porto. Imponente, a enorme estátua em bronze que se ergue defronte do Palácio da Justiça, chama a atenção do Simão.
Curioso, ele pergunta:
– O que é aquilo?
– Aquilo é a estátua da Justiça. É uma obra magnífica feita por um escultor chamado Leopoldo de Almeida – explico, enquanto nos aproximamos para a observar melhor. – Vês a balança que tem na mão? Significa que a justiça deve pesar bem as provas apresentadas de forma a tomar correctamente as suas decisões. Do outro lado, tem uma espada, vês? Esta representa a sua capacidade de exercer o poder de decisão.
Ele fica a admirá-la, por um momento, em silêncio. Depois, arrogante, exclama, recomeçando a andar:
– É a Justiça, a República, a Liberdade… Tudo mulheres! Depois como é que querem que estas coisas funcionem bem?!
© Sofia Bragança Buchholz (Simão no Facebook)
Simão e o Desporto
No clube de golfe, o Martim e o Simão têm uma aula de golfe com um instrutor.
Enquanto o primeiro executa tudo na perfeição, o segundo debate-se com o seguinte cenário:
− Flecte os joelhos…
…
− Não, menos!…
…
− Não, mais!…
…
− Estica os braços…
…
− Mais, mais…
…
− Sim…
…
− Não movas as ancas!
…
− Sim…
…
− Não!
…
− Não movas as ancas! Só o tronco!
…
− Não!
…
− Olha, assim:
(swing perfeito do instrutor)
(seguido de swing imperfeito, do Simão, claro!)
− Nãaaaao! Não movas as ancas!
…
− A mão esquerda agarra o taco... a direita sobre a esquerda... assim...
…
− Dedo mindinho direito entre o dedo médio e indicador esquerdo…
…
− Nãaaaao!...
…
− Assim! Olha!
…
− Estica os braços!
…
− Não! Assim como se fossem cortar o mindinho…
…
− Não!
…
− Sim!
…
− Não!
…
− Polegar direito sobre o esquerdo…
…
− Sim! Boa!
…
− Não! Oh, que estavas a fazer tão bem!...
…
− Vá lá, tenta outra vez…
…
− Não! Nãaaaao!
(longo suspiro, enfastiado, do Simão, seguido de decisão irrefutável):
− Olhe, vai desculpar-me, mas vou, ali, antes para a piscina dar um mergulho, ok?!
(Só faltou acrescentar: não estou para o aturar!)
© Sofia Bragança Buchholz ( Simão no Facebook )
Simão o… o… ah!, "ganda", Simão, como eu te compreendo!
Ao entrar em casa da minha irmã, vejo o Simão sentado, à mesa da cozinha, a fazer os trabalhos de casa.
Pergunto:
− Então, como é que vai essa vida?
E ele desanimado:
− A vida vai bem. O que dá cabo de mim são estes trabalhos de casa!
© Sofia Bragança Buchholz (Simão no Facebook: aqui)
Simão, o Economista
• Simão
• Eu
O Simão chega a minha casa para passar o dia comigo. Na mão, traz um brinquedo novo, acabadinho de comprar. Eu gabo-lho:
− Ena, que giro! Compraste o Zorro e o seu cavalo Tornado?
Ele, orgulhoso:
− Sim.
Eu, lembrando-me de outro boneco da mesma colecção que tinha visto há uns tempos, que consistia num Zorro pendurado num mastro, a salvo, e metade de um tubarão, simulando uma saída da água para o atacar, pergunto:
− Viste lá um, com um tubarão?
Ele, entusiasmado:
− Vi. O tubarão tinha moooooontes de dentes!
Eu, reagindo ao seu entusiasmo:
− E, então, não gostaste mais do outro?
E logo ele com uma expressão indignada:
− Achas?! Era MEIO tubarão! Eu lá ia dar dinheiro por MEIO tubarão!!!
© Sofia Bragança Buchholz (Simão no Facebook)
Simão, o Hipocondríaco (II)
• O Sr. António, empregado do restaurante (aka Simão)
• O Cliente (aka Eu)
Um destes dias, em casa da minha irmã, preparo-me para jantar. O Simão faz-me companhia.
A certa altura, resolvemos brincar “ao faz de conta”: eu sou o cliente que vai ao restaurante jantar; o Simão é o Sr. António, o empregado do estabelecimento.
Depois de ter encomendado o prato − note-se, devidamente aconselhado pelo Sr. António − preparando-se para o saborear, o Cliente resolve fazer conversa com o Empregado.
Cliente: − Então Sr. António, como vai essa vida? Tudo bem com o seu filho?
Sr. António: − Não, o meu filho está muito doente!
Cliente: − Ai, sim? Não me diga! O que lhe aconteceu? − Suspiro, conhecendo a “peça”, preparando-me para o que aí vem.
Sr. António: − Caiu. Partiu a cabeça e estes dentes todos − faz o gesto indicativo dos respectivos dentes. − Tem a cabeça toda… como é que se diz … com aquelas coisas brancas?!
Cliente: − Ligada? Ai, credo que horror, Sr. António!
Sr. António: − Tem de ser, senão o cérebro fica muito solto e todo baralhado.
Cliente: − Pois, isso de ter o cérebro solto deve ser, de facto, terrível. − E levo eu as minhas mãos à cabeça com tanto disparate.
Sr. António: − E dorme com várias almofadas: uma muito fofinha, uma de gelo, outra muito fofinha, outra de gelo …
Cliente: − Bem, mas tirando isso, está tudo bem, não está? A sua esposa? − Pergunto, tentando desviar o assunto daquela desgraceira.
Sr. António: − Está muito mal! Foi ontem ao hospital. Tem o baço muito mal.
Cliente: − O baço??? − Levanto os olhos do prato, espantada com o termo, duvidando que um miúdo de cinco anos, mesmo com pais médicos e adorando ver o Dr. House, saiba o que é o baço. Tranquilizo-me ao ver que ele indica o braço.
Sr. António: − Está todo partido!
Cliente: − Ó Sr. António, no meio de tanta desgraça valha-me, aí, o senhor, que está com muito boa cara e fresco que nem uma alface! − Exclamo, não desistindo do meu dever de o afastar daquela fixação pelas doenças. Mas ele arrumou comigo:
Sr. António: − Eu? Eu estou muito doente! E, olhe, saiba o senhor, sou o único que não pode ir ao hospital porque tenho de tomar conta do restaurante!
© Sofia Bragança Buchholz (Simão no Facebook: aqui)
Simão, o Machista
• Simão
• Eu
Porque os pais iam estar fora toda a tarde e ele tinha uma festa de aniversário de um colega do colégio − aonde eu o ia levar − o Simão ficou comigo naquele sábado.
Depois de ter sido, já, várias vezes, chamado para vir almoçar, resistindo sempre, entregue à magia do telejornal (leia-se: canal Panda), ele senta-se à mesa e diz:
– Tenho sede. Traz-me águ… − Sorri, e emenda: − Uma cerveja!
Eu olho-o de soslaio, mas alinho na brincadeira. Vou ao frigorífico e retiro uma cerveja. Pergunto-lhe:
− Esta serve?
Ele ri-se, entusiasmado, e sussurra:
− É a fazer de conta…
Pouso a cerveja. Levo-lhe a água e sento-me. Ele comunica-me, muito compenetrado:
− Hoje tenho uma reunião muito importante (onde se lê reunião, deve, ler-se festa num desses espaços que organizam divertimentos para crianças).
− Ah, sim?! − Faço-me de surpreendida. − E quem é que vai a essa reunião?
− Só rapazes − e apanha-me desprevenida com o argumento: − É que vamos falar de coisas MUITO importantes!
© Sofia Bragança Buchholz (Simão no Facebook: aqui)
• Simão
• A mãe do Simão
• Eu
Pronto, o outro já se demitiu; é fim-de-semana, vamos lá descontraír e conhecer a página do Simão no Facebook.
Personagens:
• Simão
• Eu
Cenário:
Para falar verdade, entrei no FarmVille por causa dos meus sobrinhos. Custava-me vê-los ali, esfalfarem-se por uma propriedade fictícia e eu, de braços cruzados, sem lhes dar uma mãozinha. Sendo eles a minha descendência – uma vez que não tenho filhos – senti-me responsável por lhes deixar uma herança: terra, tecto, meios de subsistência, mesmo que num mundo virtual. Criei uma quinta minha, para lhes poder enviar árvores, animais, presentes. Depois, vendo-me facilmente ultrapassar-lhes o nível, senti-me culpada e providenciei a posse das suas passwords para os poder ajudar ainda mais. Ou melhor, da sua password – a do Simão – porque o Martim, na sua independente adolescência, ma negou. Assim, todos os dias, alimento os seus animais, colho as suas frutas, lavro as suas terras. Todos os dias deixo a “herdade” do Simão um brinco. Mas o meu empenho foi proporcional ao seu desleixo. Arranjada a “caseira”, sua excelência dedicou-se ao ócio e apenas lá vai de vez em quando para “controlar” as actividades. Sentindo-me injustiçada, confrontei-o com o facto. Ele, com a soberba de um grande latifundiário, respondeu:
Acção:
– Nunca lá vou porque não tenho tempo. Sou um homem muito ocupado.
Só lhe faltou estar refastelado numa poltrona, com o cachimbo ao canto da boca. Aos pés, até já tinha o labrador.
Personagens:
• Simão, 9 anos
• Mãe do Simão
• Eu
Cenário:
No clube de Golf o Simão queixa-se que os seus tacos já são muito pequenos. A mãe admite que precisa de lhe comprar um novo set. Eu comento que, para aquelas idades, deviam ser extensíveis para se irem adaptando à medida que os miúdos crescem. O Simão elucida-me, pragmático:
Acção:
− Não percebes… o golf não é para se jogar. O golf é para gastar dinheiro!
Personagens:
• Simão, 9 anos
• Eu
Cenário:
Um destes dias estive num almoço de bloggers com Pedro Passos Coelho. Na véspera, no carro, a caminho do cinema com o Simão, ocorreu-me que poderia ser engraçado saber que questões uma criança de nove anos gostaria de colocar a um candidato a futuro primeiro-ministro e perguntei-lhe, se fosse ele a estar no encontro, o que gostaria de lhe perguntar. A resposta surpreendeu-me:
Acção:
"− Pergunta-lhe se quando estiver no governo vai voltar a dar esperança financeira aos portugueses."
Assim mesmo, ipsis verbis.
Personagens:
• Simão, 9 anos
• Uma data de miúdos e pais nervosos
• Eu (como narrador)
Cenário:
O Simão vai fazer exame para entrar para o Conservatório de Música. Na sala, uma data de miúdos esperam, nervosos. O “meu”, que raramente fica nesse estado, bufa e suspira, ansioso, e, confessa, até, que nunca dormiu tão mal na vida. Sabem que ali não é a brincar: têm consciência que não há os facilitismos da escola, que não existem boas notas porque os paizinhos vão reclamar, que não passa quem não merece. Vêem-se meninos a saírem com negativas, mães desanimadas, avaliadores impiedosos, indiferentes à fragilidade dos petizes.
As crianças esforçam-se: sentados no chão, revêem as peças que vão tocar. Em frente ao Simão, a menina russa − aquela que tocou Bach, quando ele tocou o “Balão do João”, no início do ano, lembram-se? − ensaia num teclado imaginário desenhado no soalho da sala. O Simão também. Exercita os dedos e mostra uma destreza ameaçadora, de fazer inveja a qualquer um dos presentes. Só que, para mal dos seus pecados, a jogar um jogo num Game Boy.
Post Scriptum: E, passou!
Preparem-se para posts hilariantes.
Personagens:
• Simão, 9 anos
• Eu
Cenário:
Estou na sala com o Simão. Do outro lado do vidro, no jardim, o cão da casa suplica por atenção, dando saltos descoordenados e lançando-nos olhares irresistíveis de ternura.
Eu reclamo:
Acção:
– Coitado do Pipe! Vocês não lhe ligam nada. Não devias estar aqui a ver televisão: devias estar lá fora a brincar com ele!
O Simão argumenta, com a desculpa mais esfarrapada que alguma vez lhe ouvi:
– Eu? Eu não, o meu irmão! Eu nunca quis um labrador chanfrado. Eu queria era um Bulldog francês.
Personagens:
• Simão, 9 anos
• Eu
Cenário:
Passamos em frente de uma joalharia. Eu paro para namorar, na montra, os meus relógios predilectos: os Cartier. O Simão, ao meu lado, espreita-os, e, sarcástico, desdenha, continuando a andar:
Acção:
– Tão chiques, tão chiques, e tão ignorantes. O quatro em numeração romana não é assim que se escreve.
(também aqui)